No entanto, para entrar em vigor a flexibilização do uso de mĂĄscaras na capital fluminense, o municĂpio dependia da sanção do governador ClĂĄudio Castro da lei aprovada ontem (26) pela Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), que desobriga o uso de mĂĄscara, ao ar livre, em todo o estado. Segundo a proposta aprovada ontem, caberĂĄ ainda a cada municĂpio a decisão final, pois vale sempre o parâmetro mais restritivo.
Conforme decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) adotada no ano passado, municĂpios, estados e União tĂȘm competĂȘncia complementar para estabelecer medidas de combate à covid-19, mas no caso de divergĂȘncias, valem as medidas mais restritivas.
Para o coordenador do InfoGripe, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocrurz), Marcelo Gomes, ainda não é o momento de flexibilizar o uso de mĂĄscara mesmo em ambientes externos pois cada municĂpio tem uma cobertura vacinal e uma situação epidemiológica diferentes. Ele lembra, por exemplo, que a capital fluminense tem grande fluxo de pessoas de outras cidades do estado e do paĂs.
"Olhar só para a situação epidemiológica e vacinal de um Ășnico municĂpio e não levar em conta essa vizinhança pode ser um problema tanto para a capital quanto para os vizinhos porque retirar a obrigatoriedade da mĂĄscara, mesmo em ambientes abertos, facilita a transmissão", disse o pesquisador. "O risco de transmissão vai aumentar, ainda que seja menor que em ambientes fechados".
Gomes destaca que o enfrentamento à pandemia é um evento coletivo, não só para os indivĂduos mas também entre os municĂpios. "Esse andar conjunto é muito importante porque os municĂpios não são ilhas. HĂĄ uma interação muito grande", afirmou.
"Por mais que os indicadores estejam apontando para situações positivas, com a queda de casos graves, com o avanço da vacinação, a gente ainda estĂĄ muito longe do que hoje se considera como ideal que é na casa dos 90% da população vacinada", acrescentou.
O pesquisador da Fiocruz ressalta que paĂses do Hemisfério Norte jĂĄ passaram por situação similar de antecipar a retirada da obrigatoriedade do uso de mĂĄscara e tiveram como consequĂȘncia o aumento significativo do nĂșmero de casos de covid-19. "Apostar que não teremos uma consequĂȘncia ruim é um risco grande", disse.
"Temos que perder essa resistĂȘncia em usar a mĂĄscara. A gente quer voltar a ter interação social? Queremos. Se o preço a se pagar é o uso de mĂĄscara, esse é um custo social baixo", ponderou.
Fonte: AgĂȘncia Brasil