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Professora ensina idoso de 72 anos a ler e escrever em projeto social em Natal; 'Me sinto realizado em aprender com essa idade', diz aluno

Por LivreTV Notícias em 15/10/2022 às 11:10:37
José Alves trabalhou na roça no interior do Rio Grande do Norte quando era jovem e não teve a chance de estudar. Recentemente, decidiu tentar aprender a ler e escrever e não viu a idade como um problema. José está aprendendo a ler aos 72 anos de idade

Gustavo Brendo/Inter TV Cabugi

Abrir os olhos para o mundo. Essa é uma afirmação que cada vez mais tem sido ouvida pela professora Jeanne Maciel nos últimos anos. Isso porque ela tem, desde 2019, ensinado jovens, adultos e idosos a ler e escrever em um projeto gratuito numa faculdade privada em Natal. O programa orgulha a profissional, que neste sábado (15) comemora o Dia do Professor.

Um dos mais recentes beneficiados pela dedicação da profissional e da equipe foi José Alves, que tem 72 anos. Morador do bairro das Quintas, na Zona Oeste de Natal, ele tinha o sonho de aprender a ler e escrever e não viu empecilho em tentar isso na terceira idade.

O idoso se inscreveu no projeto de alfabetização e letramento de uma universidade privada de Natal e contou com o auxílio da equipe de profissionais.

"Me sinto realizado em poder aprender a ler e escrever com essa idade e me sinto muito feliz. E com certeza eu chego lá, se Deus quiser", disse.

José Alves é mais um daqueles exemplos de pessoas que não tiveram oportunidade no início da vida, porque precisaram trabalhar desde muito cedo. A vida profissional dele começou na roça na cidade de Pedra Preta, no interior do RN, onde nasceu e viveu com 16 irmãos - nenhum deles teve a chance de estudar. Aos 18 anos, se mudou para Natal e se casou.

José tem aprendido a ler e a escrever em um projeto gratuito de uma faculdade particular de Natal

Gustavo Brendo/Inter TV Cabugi

No primeiro semestre deste ano, ele acompanhou uma reportagem sobre o projeto da faculdade Estácio de Sá e decidiu ligar e se inscrever.

"Desde criança queria aprender, mas não tive grandes oportunidades. Mas graças a Deus chegou. Agora com a idade mais avançada, mas nunca é tarde para aprender a ler e escrever", disse.

Entre os exemplos simples que mudaram o dia a dia dele, está, por exemplo conseguir identifcar as linhas de ônibus para ajudar pessoas nas paradas. Ele também gosta de ler livros infantis, que tem o ajudado a praticar a leitura.

'Gratifica esse desejo dos alunos'

A máxima do educador Paulo Freire, patrono da educação brasileira, de semear a educação e a transformação é o que move a professora Jeanne Maciel. Ela atualmente dá aulas para 33 alunos, divididos em duas turmas, no projeto.

"Me sinto realizada, agraciada em ter pessoas como o seu José, que querem aprender a ler e a escrever. Então isso nos fortalece e melhora cada vez mais o nosso trabalho, em desenvolver um trabalho de qualidade, porque temos pessoas que querem, que desejam aprender a ler e a escrever", disse.

"O importante, o que nos gratifica, é esse querer, esse desejo que os alunos tem aqui", pontuou.

Professora Jeanne é a responsável por educar os alunos no programa de alfabetização e letramento

Gustavo Brendo/Inter TV Cabugi

Esse trabalho fomentado no projeto tem passado também para os estudantes de pedagogia da própria instituição. Um desses casos é a estudante Cristiane Vianna, que auxilia o projeto ao lado da professora Jeanne.

Para ela, é fundamental a transformação que a capacidade de ler e escrever promove nos estudantes.

"Significa muito aprendizado na prática, já que eu estou ao lado de uma professora que tem um know-how com foco em alfabetização e a questão social é muito forte", disse.

"A transformação de vida de várias pessoas que chegam aqui dizendo que tinham uma venda nos olhos e hoje se sentem autônomas, donas de suas vidas. Isso é muito importante. E tenho certeza que escolhi a profissão que transforma a vida das pessoas e a minha também".

O projeto tem ocorrido em dois dias na semana, nas terças e sextas-feiras e abre inscrições por semestre. Não é possível, portanto, entrar no meio do projeto por conta do desenvolvimento das turmas, que permitem, cada uma, 24 alunos.

Estudante de pedagogia, José e a professora

Gustavo Brendo/Inter TV Cabugi

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