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Brasileiros retomam pesquisas na Antártica e mostram rotina no continente polar; FOTOS

Por LivreTV Notícias em 26/12/2021 às 09:25:35
Programa estava suspenso desde março de 2020, devido à pandemia de Covid-19. Pesquisadores do DF passam fim de ano em meio a geleiras e sensação térmica de - 18ºC. Pesquisadores brasileiros chegam à Ilha Livingston, na Antártica

Edson Vandeira/Arquivo pessoal

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Quase dois anos após a suspensão das pesquisas, devido à pandemia de Covid-19, brasileiros que fazem parte do Programa Antártico Brasileiro (Proantar) voltaram ao continente para passar o fim de 2021 em meio às geleiras do polo Sul. Desde 1984, o Brasil tem uma base na região conhecida pelas temperaturas mais baixas do planeta.

No grupo de 11 pesquisadores abrigados na Estação Comandante Ferraz (veja detalhes mais abaixo), estão quatro cientistas do Distrito Federal que enfrentam uma sensação térmica de - 18ºC e ventos de até 120 km/h.

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O biólogo e professor do programa de pós-graduação em ciências genômicas e biotecnologia da Universidade Católica de Brasília (UCB), Marcelo Henrique Soller Ramada, de 35 anos, coordena a pesquisa brasiliense na Antártica. A equipe busca respostas para a existência de musgos no continente gelado.

"Queremos entender a formação genética desses musgos, a composição do DNA, e o que produzem para sobreviver em um ambiente tão hostil", conta Marcelo Ramada.

Oito anos depois do incêndio que destruiu a Estação Antártica Comandante Ferraz, base brasileira reabre para cientistas e pesquisadores.

Divulgação Marinha do Brasil

A pesquisa quer entender o processo evolutivo da espécie, o que, segundo o biólogo, pode ajudar a desenvolver novos medicamentos, cosméticos e até recursos de biotecnologia para a agricultura, como, por exemplo, permitir o cultivo de alimentos mais resistentes ao frio.

"De que forma esse gene pode ser usado para o benefício humano? Se é para gerar uma nova molécula anticâncer, um antibiótico, ou quem sabe um tipo de protetor solar? Os musgos ficam expostos ao Sol o tempo todo e têm que produzir algo para não se queimarem", diz o pesquisador da UCB.

17 dias de viagem

Navios Ary Rongel (H-44) e Alte.Maximiano (H-41), na Antártica

Edson Vandeira/Arquivo pessoal

A viagem dos brasileiros para a Antártica, durou, ao todo, 17 dias, incluindo as pausas para abastecer e buscar mantimentos. O grupo partiu de navio, da Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, no dia 14 de novembro, com destino ao Rio Grande (RS), mas, antes disso, passou por 10 dias de quarentena e uma série de testes para evitar que algum deles estivesse contaminado pelo novo coronavírus.

Do Rio Grande do Sul, os pesquisadores seguiram pelo mar até Punta Arenas, no Chile. O grupo só desembarcou na estação brasileira na Antártica no dia 30 de novembro. A viagem de volta está marcada para 15 de fevereiro.

Pesquisadores de Brasília coletam musgo na Antártica

Edson Vandeira/Arquivo pessoal

Fim de ano no frio

O objetivo dos pesquisadores brasileiros é aproveitar o início do verão no continente, quando há melhores condições de realizar as pesquisas de campo porque parte do gelo descongela nesta época. Além disso, com a inclinação da Terra, o dia no continente pode durar quase 24 horas.

"Nem sempre vai ter Sol, mas tem luminosidade o dia inteiro. Como a região está mais próxima do polo Sul, na latitude de 62º do Sol, os dias são mais longos. À 1h08 da última segunda-feira (20), no solstício de verão, ainda tinha Sol", conta o pesquisador.

Mas, para aproveitar o verão de lá, foi preciso abrir mão das festas de fim de ano com as famílias, no Brasil. Ao g1, Marcelo Ramada contou que o Natal, por lá, não deixou de ser celebrado – teve até amigo oculto entre os 28 brasileiros, militares e pesquisadores que estão no local.

"Sabemos que nós somos a nossa família para este natal e ano novo", diz Ramada.

Infográfico mostra nova estação brasileira na Antártica

Amanda Paes/G1

Continente polar

A estação brasileira na Antártica foi inaugurada em janeiro de 2020, pela Marinha do Brasil. O complexo de mais de 4,5 mil m² voltou a funcionar quase oito anos depois do incêndio que destruiu a base anterior e provocou a morte de dois militares.

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Pesquisadores brasileiros na Antártica

Arquivo pessoal

Na retomada das pesquisas brasileiras, os pesquisadores têm apoio de militares da Marinha do Brasil para se deslocar em algumas regiões. O trajeto é feito a pé, de bote ou quadriciclo. Em alguns pontos, contam os cientistas, a neve acumulada chega até a altura da cintura.

Na estação brasileira, há 32 quartos, uma biblioteca, uma academia e auditório. Nas partes mais baixas deste bloco estão os depósitos de mantimento e reservatórios de água.

Divulgação Marinha do Brasil

Proantar

Criado em 1982, o Programa Antártico Brasileiro (Proantar) leva ao continente gelado pesquisadores que atuam nas áreas de oceanografia, biologia, glaciologia, química e meteorologia. Os trabalhos são desenvolvidos em acampamentos, navios e estações.

FOTOS: bandeira da UnB é hasteada na Antártica durante pesquisa sobre espécies vegetais e clima

A estação brasileira fica no mesmo local da estrutura antiga, instalada em 1984 na Península Keller, dentro da Ilha Rei George. A primeira base abrigou pesquisadores até fevereiro 2012.

VÍDEO: estação antártica brasileira é inaugurada oito anos depois de incêndio

Estação antártica brasileira é inaugurada oito anos depois de incêndio

Leia mais notícias sobre a região no g1 DF.
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