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Mãe de jovem autista agredido em UPA de Natal desabafa sobre rede de atendimento: 'É um despreparo total'

Por LivreTV Notícias em 17/02/2023 às 14:38:11
Episódio aconteceu em 31 de janeiro, mas repercutiu nas redes nesta semana após divulgação de um vídeo. Mãe diz que filho e ela sofrem com falta de tratamento adequado. Vídeo mostra agressão a jovem autista de 20 anos durante atendimento em UPA de Natal

"Não é só a UPA, é um despreparo geral". Essa é a afirmação de Alda Lúcia, mãe do jovem autista de 20 anos de idade que aparece em um vídeo sendo agredido e reagindo durante um atendimento na UPA Cidade Satélite, na Zona Sul de Natal.

O episódio aconteceu no dia 31 de janeiro, mas ganhou repercussão nesta semana nas redes sociais. O jovem tem também Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), de acordo com a família. A Secretaria Municipal de Saúde de Natal emitiu nota lamentando o episódio (veja mais detalhado abaixo).

Segundo relatou a mãe do jovem, a falta de tratamento adequado e o despreparo são comuns nos atendimentos. Ela chega a dizer que ela e o filho são "maltratados" durante os atendimentos. "E você já está com uma carga muito grande", conta.

O filho dela foi diagnosticado com autismo há cerca de três anos. Desde então, Alda diz que luta pelos direitos dos autistas "no sentido de um tratamento digno".

No episódio da UPA, Alda alega que duas profissionais de saúde não souberam lidar com o filho dela. "A enfermeira falou que ia colocar ele num quarto escuro se ele não ficasse quietinho. E ela conhece o caso do meu filho. É um despreparo total", disse.

Em seguida, a outra, segundo a mãe, teria falado: "A senhora vai se retirar daqui agora com esse seu louco". Foi quando aconteceu a confusão.

No vídeo, é possível ver que a profissional de saúde usa o suporte do soro, que é de metal, durante a confusão. Ela chega a cair no chão e outras pessoas na sala controlam a situação em seguida.

"Eu quero punição, justiça, tratamento adequado pro meu filho. Vou dizer de antemão: ainda tem muito mais coisas. Não é só na UPA. Eu sou a mãe que mais reivindica, eu não tenho medo, eu não calo, eu enfrento. Por isso que eu sou tratada como louca. Estou, sim, doente. Qual mãe que não fica? Qual familiar que não fica com uma situação dessa?", lamentou Alda.

A mulher diz que tem vivido entre idas e vindas no Hospital João Machado, que é referência para o tratamento no estado. Ela contou que chegou a procurar a unidade inicialmente, mas foi recomendada a seguir inicialmente para uma UPA, que seria responsável para regular o paciente.

O jovem ficou dois meses internado no Hospital João Machado e, após o episódio na UPA, foi novamente para a unidade, onde permanece internado até esta sexta (17).

Veja a reportagem abaixo sobre o caso:

Agressão entre jovem em surto e servidora expõe falha no atendimento a pacientes autistas

Secretaria de Saúde lamenta ocorrido

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) disse que "apesar das imagens estarem mostrando somente um lado do fato", a pasta "lamenta o ocorrido e esclarece que dispõe de protocolos clínicos para o manejo de pacientes em casos de agitação psicomotora".

"O paciente do vídeo já é acolhido na rede psicossocial de Natal desde da sua infância e adolescência, passando pelo CAPS infantil e adulto, assim como sua genitora. Para melhorarmos abordagens seguras, e minimizarmos impactos aos usuários da rede psicossocial a SMS Natal através da coordenação de saúde mental vem investindo de forma contínua na capacitação dos profissionais para atuação nestes casos, a capacitações envolve dos porteiros aos médicos", disse a nota da SMS.

Episódio aconteceu em UPA Cidade Satélite no fim de janeiro

Reprodução

O que diz o sindicato dos trabalhadores em saúde

O coordenador do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Saúde do RN (SindSaúde-RN), Paulo Martins, admitiu que os profissionais das unidades de atendimento não são suficientemente preparados para lidar com pacientes que exigem um atendimento especializado.

"Se o paciente reage porque não quer receber aquela medicação e parte pra cima de um servidor, é claro que ele vai ter que se proteger. Infelizmente nós não temos um preparo, tanto dos servidores, como das próprias instituições, pra receber esse tipo de paciente".

O coordenador informou que a profissional envolvida no caso buscou ajuda do SindSaúde . "O sindicato está dando todo suporte à servidora. Ela nos procurou e a gente está dando toda a assistência. E ela, claro, está com os nervos à flor da pele com toda essa situação. Nós orientamos que ela fizesse um Boletim de Ocorrência. Ela fez e está tudo registrado", disse.

Ele também admitiu que a cobrança da família do jovem está correta e que as autoridades precisam ser cobradas para criar uma rede de atendimento especializado. "A mãe do paciente tem toda razão em exigir que seja bem acolhido o filho dela. Mas ela tem que cobrar também da prefeitura", reforçou.

Hospital Colônia Dr. João Machado UTI Natal Rio Grande do Norte RN

Divulgação/Sesap

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