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Dia em memória das vítimas do Holocausto: estudantes do RN publicam livro com cartas para Anne Frank

Por LivreTV Notícias em 27/01/2023 às 09:04:14
Projeto foi desenvolvido dentro das aulas de inglês do IFRN em Canguaretama, ao longo de 2021. Anne Frank

reprodução Globo News

“O genocídio da Segunda Guerra é uma verdade dolorosa, mas é uma verdade”, afirma o estudante Ayron Mateus, de 19 anos. Ele e seus colegas no IFRN de Canguaretama, no Litoral Sul potiguar, publicaram um livro com cartas a Anne Frank, uma das mais conhecidas vítimas do Holocausto - que dizimou milhares de judeus entre 1939 e 1945.

O tema volta à tona nesta sexta-feira (27), data que a ONU estabeleceu como Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto. Foi no dia 27 de janeiro de 1945 que tropas soviéticas invadiam o campo de Auschwitz, na Polônia, marcando o fim de uma das eras mais sombrias da história humana.

Entre os livros mais vendidos no mundo, O Diário de Anne Frank é considerado um dos maiores registros da perseguição nazista e foi estudado pelos alunos de Canguaretama entre os meses de abril e julho de 2021.

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No período, o professor Albéris Eron reservou parte das aulas de inglês para a leitura do livro.

“Os estudantes tiveram a oportunidade de imergir em um dos momentos mais sombrios de nossa história, para que ninguém esqueça daqueles dias de terror e para que não se repitam”, diz o professor.

Após lerem os escritos, os estudantes, com idades entre 15 e 18 anos, escreveram suas próprias cartas, refletindo sobre a história da escritora, vítima do Holocausto, e sobre suas próprias experiencias de vida.

Os textos foram reunidos em um livro, intitulado 77 anos desde “O diário de Anne Frank”: cartas de Canguaretama ao mundo, publicado pela Editora IFRN em dezembro.

O livro pode ser acessado aqui.

Segundo o professor Albéris Eron, coordenador da obra, a ideia de produzir um livro surgiu durante as leituras.

Um dos autores das 58 cartas que compõem a obra potiguar é o estudante Eliel Ewerton, de 18 anos, que classifica a experiência como “conflitante”.

“Eu já conhecia a história só de ouvir, e por mais que se tratasse do período da Segunda Guerra, eu ainda tinha uma visão mais 'fantasiosa' do que seria o Diário de Anne Frank. Mas, quando começamos a entrar de verdade nos textos, para produzirmos cartas, caiu a ficha de que é, na verdade, um relato sobre uma garota que viveu o pior da humanidade, e que teve sua vida tirada aos 15 anos por nada. E foi real”, declara.

Outro estudante que participou do projeto, Ayron Mateus, agora com 19 anos - ele foi citado no início da matéria - conta que o isolamento dos judeus, o racionamento de recursos, as relações familiares e o modo a vida em meio à guerra, o levaram a refletir sobre as dificuldades da perseguição nazista.

Campus do IFRN em Canguaretama, no Litoral Sul potiguar

Bruno Gomes

“Lancei o meu olhar para as minúcias, o cotidiano, dificuldades e sofrimentos vividos no período. Acredito que uma das belezas do livro é unir as mais diversas visões sobre algo em comum: a vivência de uma jovem, assim como nós, que por uma triste perseguição, teve de se isolar do mundo e de sua própria juventude”, diz.

Anne Frank

Antes da guerra ter início, Anne Frank vivia com seus pais, Otto e Edith Frank, e sua irmã, Margot, em Frankfurt, na Alemanha. Com o aumento da onda antissemita, liderada por Adolf Hitler, a família Frank mudou-se para Amsterdã, capital da Holanda.

Lá, em seu aniversário de 13 anos, no dia 12 de junho de 1929, a jovem foi presenteada com um diário, que recebeu o nome de Kitty. Até então, os assuntos abordados nas páginas eram comuns à vida de uma pré-adolescente. Porém, a partir de julho de 1942, Anne, sua família e outros quatro moradores passaram a viver escondidos do Estado Nazista, no lugar que ficou conhecido como o “Anexo Secreto”.

No diário, a adolescente passou a contar os registros de uma vida reclusa sob a perspectiva. Ainda não se sabe quem denunciou os moradores do esconderijo, porém, no dia 4 de agosto de 1944, soldados da organização paramilitar ligada ao partido nazista invadiram o prédio em que Anne Frank estava.

Anne e sua família foram encaminhados para o campo de concentração de Westerbork. Em setembro, foram enviados para Auschwitz-Birkenau. No mês de novembro, Anne e sua irmã, Margot, foram levadas para o campo de concentração de Bergen-Belsen, onde faleceram de febre tifóide.

O diário de Anne Frank foi resgatado por Miep Gies, uma funcionária do pai da jovem, Otto Frank, o único sobrevivente da família. Anos depois, ele foi convencido a publicar os registros da filha, que sonhava em ser escritora ou jornalista.

Atualmente, a obra é um dos dez livros mais vendidos no mundo, sendo traduzido para mais de 70 idiomas.

Holocausto

Segundo o professor de história do IFRN, Bruno Balbino, o holocausto foi uma ação de extermínio sistêmica executada pelo Estado Nazista contra todos os grupos sociais que, segundo a ótica nazista, representavam uma afrontava à perfeição nacional/racional ariana, como judeus, homossexuais, ciganos, poloneses, testemunhas de Jeová, adventistas, deficientes, entre outros.

“A perseguição à comunidade judaica foi feita por etapas. Nos primeiros anos da ascensão nazista houve a criação de leis antissemitas, boicotes econômicos e ondas de violência contra os judeus, os chamados "pogroms". Numa etapa posterior, muitos judeus foram deportados para outros países”, disse.

O professor destaca que o ponto mais dramático da ação nazista ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial, quando as autoridades nazistas levaram, forçadamente, milhares de pessoas para os campos de concentração – usados para matá-los por meio do trabalho forçado.

“É importante salientar que, para a comunidade judaica, o uso do termo "holocausto" é inapropriado para definir a experiência genocida empreendida pelo Estado Nazista, uma vez que o conceito faz referência ao ato sacrificial que caracterizou, historicamente, a tradição religiosa do povo hebreu da antiguidade. Em vez de "holocausto", o extermínio judeu nos campos de concentração é denominado de Shoah, palavra hebraica que significa destruição, ruína, catástrofe”.

Segundo o historiador, no dia 31 de julho de 1941, o líder nazista Hermann Goering autorizou ao General das SS, Reinhard Heydrich, o início das preparações necessárias para a implementação da intitulada "solução final para a questão judaica". A ação resultou na morte de milhares de judeus - Só em Auschwitz, a estimativa é de 1,1 milhão - por asfixia, fuzilamento, fome, maus-tratos, espancamento, frio, doenças e experiências médicas.

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