Coleção a ser apresentada pela equipe potiguar no Dragão Fashion Brasil denuncia a escravidão. Evento acontece entre os dias 25 e 28 de maio no Aterro da Praia de Iracema. Estudantes vão concorrer em concurso de moda
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O Rio Grande do Norte terá uma coleção apresentada na 11ª edição do Dragão Fashion Brasil (DFB Festival), considerado um dos principais encontros de moda autoral da América Latina. O evento acontece entre os dias 25 e 28 de maio no Aterro da Praia de Iracema, em Fortaleza, no Ceará.
A equipe que desenvolveu a coleção potiguar é formada por seis estudantes da Universidade Potiguar (UnP), sendo um dos destaques a estudante de Design de Moda da UnP, Conceição Sabadin, de 60 anos.
Ao lado dos outros cinco integrantes da equipe, ela vai concorrer ao prêmio de R$ 10 mil e ao troféu de vencedor do concurso.
Durante 10 dias, a equipe se empenhou na concepção da coleção intitulada "A Imanência das Marias". A coleção busca revisitar os “tempos do algodão” ao mesmo tempo em que denuncia a escravidão.
O resultado final da produção será avaliado por um júri técnico, composto por profissionais da imprensa especializada, estilistas, designers e técnicos convidados.
“É uma oportunidade única e eu estou encantada. Graças à orientação da excelente professora Aline, aprendemos técnicas e tivemos o incentivo necessário para enfrentar esse desafio, que nos permitiu redescobrir a importância dos fuxicos, uma técnica muito antiga”, conta Sabadin, que, mesmo diante de um complexo processo de fabricação, buscou narrar o tema “algodão” com “verdade e sentimento”, como ela mesma diz.
Conceição Sabadin é uma das que trabalhou na concepção da coleção
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A orientação do trabalho da coleção é da professora Aline Freire. Os colegas que vão competir ao lado de Conceição, contra estudantes de outras cinco instituições, são Floriano Laudomir, Daniel Augusto, Giovana Aciole, Francisca Amaro e Gabriela Pacheco.
Laços de família
Ao longo da vida, Dona Conceição trabalhou na área administrativa, mas sem esquecer a paixão pela costura, a qual herdou da família, especialmente de sua mãe. Apesar das noções de costura, sentia-se insegura para desenvolver projetos na área, devido à falta de conhecimentos técnicos. Aposentada, então, percebeu que precisava se reinventar.
“Por influência das minhas filhas, resolvi me matricular no curso. Aprendi a desenvolver a criatividade e traçar novos horizontes. Hoje, pergunto-me: "Por que não comecei a estudar antes?". Estudar Moda foi a melhor decisão que tomei”, afirma.
Após a conclusão do curso, Conceição visa abrir o próprio negócio e anseia ser reconhecida por seu talento.
Coleção "A Iminência de Maria" será a que concorrerá no desfile
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“Toda a trajetória acadêmica, em adição à participação neste concurso, alimenta a confiança no meu potencial. Portanto, no início da carreira, em um futuro bem próximo, pretendo abrir um ateliê e produzir moda praia de alta qualidade, vendendo a preços acessíveis”, almeja.
' Imanência das Marias"
"A Imanência das Marias", nome da coleção, retrata a infância dramática de Maria Aciole, de 76 anos.
“Mulher simples e labutadora, enfrentou debaixo do sol escaldante o cotidiano laboral de uma plantação de algodão, forrando o estômago com uma refeição diária e recebendo remuneração muito baixa”, resume a estudante de Moda Giovana Aciole, de 19 anos, acerca do início da vida da avó.
“A mãe da minha avó fugia de um coronel que supostamente seria meu bisavô. Grávida, ela fugiu dele com um empregado do engenho por quem era apaixonada. Assim, Maria nasceu dentro de uma carroça, em Touros”, acrescenta Giovana, ao afirmar que, assim como sua avó e bisavó, que viveram por muitos anos trabalhando em condições análogas na cidade do litoral potiguar, muitas outras pessoas podem se identificar com essa realidade.
Dessa maneira, "A Imanência das Marias" busca valorizar quem está “nos bastidores” das roupas de luxo: os trabalhadores, cuja mão de obra, muitas vezes, é explorada.
“Por meio deste trabalho, conseguimos demonstrar a admiração por todas as Marias, além de abordar uma temática tão importante e, infelizmente, atual”, frisa a jovem, que sonha em expandir os conhecimentos em capitais europeias da moda como Paris e Milão.
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