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'Fez muito pelas mulheres negras desse país', diz artista potiguar que interpretou Elza Soares em musical

Por LivreTV Notícias em 21/01/2022 às 16:00:40
Khrystal também ficou marcada por apresentação da música 'A Carne' no The Voice Brasil, música eternizada na voz de Elza. 'Nos encorajava às liberdades que uma mulher preta precisa pra se exercer num país racista como o nosso', diz. Khrystal e Elza Soares durante a produção do musical "Elza".

Arquivo pessoal

Com sentimento de "tristeza e gratidão”. Foi assim que a cantora potiguar Khrystal diz ter recebido a notícia sobre a morte de Elza Soares. Aos 91 anos, a artista morreu em casa, no Rio de Janeiro, na quinta-feira (20).

Khrystal, que se declara "fã e admiradora da obra”, participou do musical “Elza”, lançado em 2018 como uma forma de celebrar a carreira da cantora e compositora carioca.

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Ela era uma das 7 vozes que propagavam através dos palcos a vida e a obra de uma das mais importantes representantes da música brasileira. Khrystal diz que Elza é um exemplo de luta e que fez muito pelas mulheres negras do país.

“Elza teve muitos motivos pra desistir, sofreu violência doméstica, racismo, enterrou quatro filhos e foi incompreendida muitas vezes. Mas não desistiu, seguiu a diante, considerada a cantora do milênio e reconhecida pelos seus pares. A maior cantora de samba que tivemos. Uma rainha resiliente”, define Khrystal.

Krystal também ficou marcada por uma apresentação no programa The Voice Brasil, da Globo, em 2013, em que cantou "A Carne", música de Seu Jorge e Marcelo Yuka, que ficou eternizada na voz de Elza Soares.

Espetáculo "Elza" foi lançado em 2018.

Arquivo pessoal

Mais do que música

Além do canto, Khrystal destaca que a voz de Elza ecoou bem mais alto quando alcançava discussões importantes na sociedade, como questões de raça e empoderamento feminino.

“Elza fez muito pelas mulheres negras desse país. Sua capacidade de se reinventar diante dos momentos difíceis de sua vida, suas denúncias de violência doméstica, a liberdade feminina. Sua vida foi o testemunho de alguém que viveu intensamente”

Na música, Elza Sores lançou 34 discos dos mais variados estilos, como samba, jazz e até os mais contemporâneos, como funk e música eletrônica, mostrando o quanto era eclética. O mais recente álbum foi lançado em 2019 com o título de “Planeta Fome”.

Com mais de 20 anos de estrada, a cantora potiguar sempre acompanhou a carreira ouvindo os discos como admiradora da obra de Elza Soares. E teve um momento de imersão no trabalho e na vida dela, durante os dois anos em que interpretou Elza no espetáculo que levava seu nome.

“Acho que Elza é lição básica para qualquer pessoa que se relaciona com o canto brasileiro. Uma professora mesmo. Cantar no Brasil e não escutar Elza é algo impensável”, afirma.

'Nos encorajava'

Nas vezes em que esteve na companhia da cantora carioca, enquanto ensaiava para o espetáculo, ela diz ter conhecido uma “mulher suave e alegre”.

“Antes da peça ficar pronta, nós fomos à casa dela, mostrar um trecho da peça. E na estreia, no Rio e em São Paulo, ela estava sempre por perto. Nos tratava com carinho e nos encorajava às liberdades todas que uma mulher preta precisa pra se exercer num país racista como o nosso”.

O espetáculo foi suspenso durante a pandemia e o futuro em relação a esse projeto ainda é incerto, segundo Khrystal. Ela diz que a continuidade “seria muito boa para a manutenção da memória de Elza”.

Khrystal destaca que nas mais de 9 décadas de vida, Elza deixou um legado na música, mas principalmente como figura humana.

“A maior mensagem é a força feminina, o se apoderar da própria história com vigor e coragem”.
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