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Vigilante flagra 'caminhada noturna' de tamanduá-mirim no Jardim Mediterrâneo, em Presidente Prudente

Por LivreTV Notícias em 21/01/2022 às 11:59:36
Animal silvestre foi encontrado na Rua Max Boudin, na noite desta quinta-feira (20). Biólogo disse ao g1 que espécie procurava por alimento. Tamanduá-mirim é flagrado na área urbana de Presidente Prudente (SP)

José Renildo Lemos de Oliveira

Um tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla) foi flagrado nesta quinta-feira (20) enquanto fazia uma "caminhada noturna" pela Rua Max Boudin, no Jardim Mediterrâneo, em Presidente Prudente (SP). Quem viu o animal foi José Renildo Lemos de Oliveira, de 46 anos, que trabalha como vigilante.

O vigilante noturno, que atua no ramo há 15 anos, estava trabalhando quando encontrou o tamanduá-mirim. Ao g1, ele contou que não é primeiro animal que vê pela área.

"Já vi outros animais silvestres várias vezes, tatu, cutia, lebre, raposa. Mas o tamanduá é a primeira vez que eu vejo", falou.

José Renildo também explicou que o local onde o tamanduá foi encontrado por ele fica próximo a uma mata ligada ao Balneário da Amizade.

"Eu fiquei surpreso e triste ao mesmo tempo, pois sabemos que os animais estão invadido a área urbana em busca alimento", ressaltou ao g1.

A aparição de animais silvestres também é bastante comum no Residencial Servantes 1, de acordo com José Renildo.

"Eu tenho um amigo que trabalha como vigilante lá e ele sempre vê muitas capivaras. Eu mesmo já fui até lá para observá-las também", disse.

Após o flagrante da "caminhada noturna", como descreveu o trabalhador, o vigilante conduziu o tamanduá-mirim para uma área verde, que é de onde ele acredita que o animal tenha saído.

"Eu estava de moto e muitas vezes tive que descer do veículo para orientar o animal a respeito da direção que ele deveria seguir. Como ele andava devagar, resolvi fazer umas fotos", concluiu o vigilante noturno ao g1.

'Mais comum nessa região'

O biólogo André Gonçalves Vieira falou ao g1 sobre a aparição do tamanduá-mirim na área urbana, no Jardim Mediterrâneo.

"O surgimento do tamanduá-mirim como o de outras espécies silvestres acaba sendo agora mais comum nessa região. Já observamos ali a onça-parda se locomovendo por essa região, ouriço-cacheiro, raposa-do-mato, entre outras espécies. O próprio tamanduá já foi observado nessa região", falou.

Conforme o especialista, isso ocorre porque existe o reflorestamento entorno do Balneário da Amizade por parte de empresas que trabalham com loteamentos e com isso também tem a vegetação nativa da região e as suas veias de corpos hídricos, de córregos, que pega desde a cabeceira que constitui o Jardim Cobral, Novo Bongiovani, Maré Mansa, Imperial.

Tamanduá-mirim é flagrado na área urbana de Presidente Prudente (SP)

José Renildo Lemos de Oliveira

"Esses corpos d'água tem muitas áreas de preservação permanente, com cobertura florestal nativa. Dentro dessas coberturas existem as árvores exóticas e as árvores nativas e com isso, consequentemente, você tem uma diversidade de animais que durante o dia você não observa e a noite elas começam a perambular, ir atrás do seu alimento", disse ao g1.

O biológo ainda explicou que o tamanduá-mirim tem o hábito de se alimentar de insetos, principalmente de cupins e formigas. E, provavelmente, esse animal deve ter se perdido saindo do fragmento florestal em busca de alimento e acabou entrando na área urbana, com casa e moradias.

"Um dos principais fatores é a procura de alimentos. O balneário pertence ao Córrego do Limoeiro, que encontra com o Córrego do Veado e que se encontram no Rio Santo Anastácio, então, consequentemente você tem um corredor natural desses animais para poderem se locomover. É comum, principalmente algumas espécies de hábito noturno, surgirem nessa região. Então, hoje cabe-se ainda mais uma tensão maior pelo poder público em preservar essa área do balneário e também reduzir ao máximo os impactos, sejam eles sonoros, intervenção com edificações, porque esses impactos acabam inibindo o animal, acabam criando um certo transtorno ao animal e muda a característica ambiental de onde ele vive. Ou seja, um dos motivos para o animal ir para a área urbana é a perda do seu habitat e a procura por alimento", pontuou o biólogo ao g1.

'Fortes garras'

O tamanduá-mirim tem distribuição em campos e florestas da Venezuela até o Sul do Brasil.

São insetívoros. Comem apenas formigas e cupins. Utilizam uma técnica bastante simples: valem-se de suas fortes garras (quatro ao todo) para fazer buracos no cupinzeiro e, com a língua pegajosa, capturar os insetos, guiados, sobretudo, por um olfato apuradíssimo, que compensa as fracas visão e audição.

O tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla), ao contrário de outras espécies, ainda é um mamífero preservado na fauna brasileira. Mas pesa contra a sua manutenção uma atividade cada vez mais frequente em seu habitat: a redução das florestas em função das queimadas, o que geralmente elimina a sua principal fonte de alimento: formigas, cupins e larvas.

O animal é também frequentemente ameaçado por outras ações do homem, direta ou indiretamente, como os atropelamentos em rodovias próximas ao seu ambiente natural, e pelo ataque de cães domésticos.

Tamanduá-mirim é flagrado na área urbana de Presidente Prudente (SP)

José Renildo Lemos de Oliveira

O grande problema é que, em função de seus baixos níveis metabólicos, o tamanduá-mirim tem longos períodos de gestação e um número reduzido de crias, daí a preocupação constante com o seu bem-estar.

Em função de seus hábitos noturnos, dificilmente é visto de dia. São indivíduos essencialmente solitários, que só encontram um par na época do acasalamento. Tanto que em uma área de 350 a 400 hectares podem-se encontrar dois animais da mesma espécie.

Como característica física principal, ele possui cabeça, pernas e parte anterior do dorso com uma coloração típica, amarelada. Já o restante do corpo é negro, formando uma espécie de colete.

O tamanduá-mirim pesa até cinco quilos e vive aproximadamente nove anos.

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