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Dia do Nordestino: pessoas surdas ensinam expressões típicas do Nordeste em Libras

Por LivreTV Notícias em 08/10/2021 às 09:31:42
Moradores da Paraíba e do Rio Grande do Norte gravaram vídeos com sotaques característicos da região. Juntos, reforçam a construção de identidades por meio da linguagem de sinais. Dia do Nordestino: pessoas surdas ensinam expressões típicas do Nordeste em Libras

O Nordeste é único, mas também é plural. Em cada um de seus nove estados, é possível e comum encontrar um jeito diferente de pronunciar palavras e expressões típicas da região. E, mesmo que o sotaque mude, elas são empregadas da mesma forma para manifestar as raízes do povo nordestino. Também é assim com a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Por isso, pessoas surdas, orgulhosamente nordestinas, mostram como sinalizá-las (Assista ao vídeo acima).

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Animados para mostrar um pouco das culturas nordestina e surda, foram reunidas participações de moradores da Paraíba e do Rio Grande do Norte. Edineide Ribeiro de Brito é intérprete de Libras e foi uma das responsáveis por reunir toda a turma.

Pessoas surdas ensinam expressões típicas do Nordeste em Libras

G1/Reprodução

Edineide, Kyeves Siqueira e Ayrton Maracajá, por exemplo são de Campina Grande. Já Mackelson Morais mora em Cabedelo. Ambos são municípios paraibanos. As participações do estado vizinho, Rio Grande do Norte, ficaram por conta de Maria Júlia Silva, de Parnamirim; e de Bruno Pereira e de Bruna dos Santos, moradores de Natal.

Para que possa ser assistido por pessoas surdas e ouvintes, nordestinas ou não, o vídeo tem apresentação em Libras, e locução e legendas em Língua Portuguesa.

Antes ou depois de assistir ao vídeo, conhecer o significado de cada palavra ou expressão, será útil (Veja as explicações abaixo).

Glossário:

Oxe – Revela sentimentos opostos, como positivos e negativos. Mas geralmente é usada para demonstrar surpresa. Dependendo a situação e da maneira com que é falada, pode revelar entusiasmo ou até mesmo revolta.

Vixe – Pode demonstrar espanto, susto, medo e até admiração. Isso depende do contexto e também da entonação usada para falar a palavra.

Eita – Deve ser usada para expressar felicidade, enaltecimento e até uma reação de choque.

Arengar - Tem o mesmo significado de brigar ou discutir.

A pulso – Expressão usada para se referir a algo que é feito sem vontade ou a força.

Iapois - Palavra usada para confirmar, reforçar ou concordar com algo que foi dito.

Vou chegar - Expressão usada para se despedir ou avisar que vai embora.

Baixa da égua – Se refere a um local distante.

Libras enquanto instrumento para construção de identidade pode representar algo brega ou cafona.

Pessoas surdas ensinam expressões típicas do Nordeste em Libras

g1

Libras enquanto instrumento para construção de identidade

Mais de 10 milhões de brasileiros, cerca de 5% da população do país, são pessoas surdas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE).

Dependendo do grau de surdez, os surdos podem se comunicar por meio da Língua Portuguesa, como no caso dos surdos oralizados. Já no caso dos não oralizados, a comunicação acontece especialmente pela Libras, com a sinalização das palavras.

A Libras “é completa, possui gramática própria, única e possibilita ao surdo interação, acesso a conteúdos e a construção da sua identidade”, explicou Karinne Rodrigues, que é intérprete de Libras desde 2017.

Mas, embora tenha sido reconhecida como um meio legal de comunicação e expressão dos surdos em 2002, ela ainda não é tão difundida entre as pessoas ouvintes.

“Fazer uso da Língua de Sinais é muito importante para os surdos, não apenas no Nordeste, mas em todas as regiões. Pois é através da sua língua que eles têm o direito de expressar seus pensamentos e valorizar sua cultura. Com o uso de uma língua [de sinais], eles podem conhecer aspectos específicos da sua região, vivenciar inúmeras experiências no meio social e serem incluídos em diversas atividades sem que sejam segregados”, explicou a intérprete.

Longe de um cenário ideal nos quesitos inclusão e acessibilidade, a intérprete aponta para uma realidade no futuro, que deve começar a ser construída no presente.

“Ter o ensino de Libras nas escolas é uma conquista a qual almejamos. Há algumas regiões que vivenciam essa realidade, mas precisamos buscar por mais oportunidades para difundir está língua em nossa sociedade e proporcionar mais acesso e inclusão para pessoas surdas”, concluiu Karinne.

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