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NÚMEROS CHINESES CONFLITANTES: Relatório de inteligĂȘncia dos EUA aponta novos dados sobre origens da Covid

Por LivreTV Notícias em 24/05/2021 às 11:57:03
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Mercado de frutos do mar de Huanan, em Wuhan, que foi fechado após surto de Covid-19. Foto: China News Service/ Global Times/ Reprodução

Um relatório da inteligĂȘncia dos EUA descobriu que vĂĄrios pesquisadores do Instituto de Virologia de Wuhan, na China, adoeceram em novembro de 2019 e tiveram que ser hospitalizados. Um novo detalhe sobre a gravidade de seus sintomas que pode alimentar mais debates sobre as origens da pandemia d o novo coronavĂ­rus.

Um informativo do Departamento de Estado divulgado pela administração do ex-presidente Trump, em janeiro, afirma que os pesquisadores adoeceram no outono de 2019, mas não chegaram a informar que foram hospitalizados. A China relatou à Organização Mundial da SaĂșde que o primeiro paciente com sintomas semelhantes aos de Covid-19 foi registrado em Wuhan em 8 de dezembro de 2019.

O periódico norte-americano "Wall Street Journal" divulgou, pela primeira vez, sobre o estudo de inteligĂȘncia em torno das hospitalizações anteriores.

É importante ressaltar que o grupo de inteligĂȘncia ainda não sabe qual doença acometeu os pesquisadores que foram internados. E ainda continua a ter pouca confiança nas avaliações das origens precisas do vĂ­rus, além do fato de que ele veio da China. "Afinal, ainda não hĂĄ nada definitivo", disse uma das pessoas que faz parte do grupo de inteligĂȘncia.

A diretora de InteligĂȘncia Nacional, Avril Haines, disse aos legisladores durante a AudiĂȘncia Mundial de Ameaças no mĂȘs passado que "a comunidade de inteligĂȘncia não sabe exatamente onde, quando ou como o vĂ­rus Covid-19 foi transmitido inicialmente", uma avaliação que não mudou, disseram dois membros.

A inteligĂȘncia atual reforça a teoria de que o vĂ­rus provavelmente se originou naturalmente, a partir do contato humano-animal. Mas isso não exclui a possibilidade de que o vĂ­rus seja resultado de um vazamento acidental do Instituto Wuhan, onde a pesquisa do coronavĂ­rus estava sendo realizada em morcegos.

A Organização Mundial da SaĂșde conduziu uma investigação sobre as origens da pandemia e concluiu em um relatório que o risco de um acidente era "extremamente baixo". O relatório disse que não houve "nenhum relato de doença respiratória compatĂ­vel com Covid-19 durante as semanas / meses anteriores a dezembro de 2019, e nenhuma evidĂȘncia sorológica de infecção em trabalhadores por meio de triagem de sorologia especĂ­fica para SARS-CoV-2".

O ecologista de doenças Peter Daszak, que trabalhou na equipe da OMS, disse ao correspondente médico-chefe da CNN, Dr. Sanjay Gupta, em fevereiro, que "ainda não hĂĄ evidĂȘncias de que isso tenha vindo de um laboratório". Ele observou que os pesquisadores foram testados e não foram encontradas evidĂȘncias de anticorpos de Covid-19, e disse que o laboratório estava "muito bem administrado".

"Não é um descarte completo dessa hipótese", disse Daszak. "É uma conclusão extremamente improvĂĄvel e existem hipóteses muito mais provĂĄveis por aĂ­."

Mas a investigação da OMS foi amplamente criticada pelos EUA, Reino Unido e outros governos por seu acesso limitado a "dados e amostras originais e completos".

Membros do ComitĂȘ de Relações Exteriores da Câmara, que hĂĄ muito tempo investigam as origens da pandemia, receberam um dossiĂȘ confidencial sobre o assunto na semana passada, de acordo com uma fonte familiarizada com o assunto.

A fonte se recusou a dizer se o relatório de inteligĂȘncia mencionando os pesquisadores hospitalizados foi discutido.

FuncionĂĄrios da inteligĂȘncia atuais e antigos dizem que a ideia de que o vĂ­rus foi acidentalmente liberado do laboratório de Wuhan é razoĂĄvel, embora alertem que não hĂĄ uma avaliação confiĂĄvel sobre essa possibilidade.

Nos Ășltimos dias do governo Trump, o ex-secretĂĄrio de Estado Mike Pompeo se inclinou para a possibilidade de o vĂ­rus vazar do Instituto de Virologia de Wuhan, ou WIV. Apesar de a inteligĂȘncia ser inconclusiva, Pompeo divulgou um informativo que dizia que os EUA tinham evidĂȘncias de que os pesquisadores da WIV adoeceram no outono de 2019 com sintomas semelhantes aos da Covid-19 e que o laboratório, onde o coronavĂ­rus foi estudado em morcegos, tinha uma história da pesquisa militar.

O processo por trĂĄs da desclassificação da inteligĂȘncia naquele informativo demorou muito, e certos detalhes foram apagados da versão final que foi lançada, disseram fontes familiarizadas com o processo à CNN.

Entretanto, a administração Biden não divulgou nenhuma operação de inteligĂȘncia sobre as origens da Covid-19 e não indicou que planeja fazĂȘ-lo.

Um dos desafios para concluir qualquer estudo é o acesso ao próprio laboratório. A China atrasou o acesso a investigadores internacionais por meses após o surto inicial, garantindo que o laboratório tivesse sido profundamente limpo antes que qualquer anĂĄlise forense pudesse ser feita.

Os investigadores também não foram autorizados a visualizar registros de dados originais, que os cientistas dizem que seriam essenciais para a compreensão das origens do vĂ­rus.

Um caminho para encontrar uma resposta seria executar o sequenciamento genético nas amostras originais nas quais a equipe do laboratório de Wuhan estava trabalhando. Mas "os chineses nunca permitirão isso", disse uma fonte próxima da equipe de inteligĂȘncia.

"Minha convicção pessoal é que nunca saberemos a resposta para isso", disse a fonte. "E a resposta não serĂĄ descoberta pela CIA, porque isso sugeriria que os chineses também estão investigando", mas não estão, segundo a fonte.

"Se a resposta existe, ela não serĂĄ encontrada pelo serviço de inteligĂȘncia tradicional", acrescentou.


Fonte: O GLOBO

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