Durante a pandemia de covid-19 houve um menor uso dos segurados. Cirurgias e procedimentos eletivos, por exemplo, não foram realizados nos piores momentos da crise sanitária.
A redução do uso pode ser verificada nos dados da ANS. Segundo o Painel de Situação do órgão, a despesa assistencial, ou seja, aquelas relacionadas ao atendimento dos segurados, diminuiu no 4º trimestre de 2020 em comparação com o mesmo período do ano anterior. Foram gastos R$ 165,7 bilhões, enquanto que nos últimos 3 meses de 2019 foram R$ 172,8 bilhões.
Além disso, os planos de saúde receberam mais clientes. Eram 46.985.535 segurados em janeiro de 2020. O ano passado terminou com 47.615.162 beneficiários de algum plano de assistência médica.
Com esse cenário, cerca de 9 milhões de segurados de planos individuais terão redução na mensalidade. Em 2020, a ANS proibiu os planos de saúde de reajustarem o valor de setembro a dezembro. Quem não teve reajuste no ano passado, está pagando a quantia retroativamente desde janeiro e deve continuar até o final do ano.
Mas os planos individuais são a minoria da carteira dos planos de saúde -apenas 19%. A maior parte dos beneficiários (81%) utilizam planos coletivos, com os realizados por empresas ou por adesão. Para esses grupos o valor do reajuste ainda é desconhecido. E é possível que a mensalidade aumente para eles.
Os beneficiários de planos coletivos não contam com a regulação da ANS. Isso significa que os reajustes são negociados entre os grupos de segurados e as operadoras que prestam o serviço de assistência médica.
Com uma mensalidade menor para os planos individuais, é possível que as operadoras tentem compensar no valor da mensalidade dos planos coletivos. A Senacom (Secretaria Nacional do Consumidor), órgão do Ministério da Justiça, avalia que isso pode acontecer principalmente com coletivos de pequeno porte, que podem ser prejudicados nas negociações.
Como já mostrou o Poder360, além do valor do reajuste ser maior para os planos coletivos, os preços também são maiores do que a inflação.
O reajuste de 2020 (que está sendo pago agora), por exemplo, foi estipulado com um limite de 8,14% para os planos individuais. A inflação do período foi de 2,40%. Mas, como os coletivos não são regulados pela ANS, o reajuste foi ainda maior. Houve aumentos de até 46%, segundo os dados fornecidos pelas operadoras para a Senacom.