Associação Brasileira de Provedores de Internet diz que a plataforma interrompeu o uso do servidor Cloudflare pouco antes das 16h desta quinta-feira (19). Rede social X, do bilionário Elon Musk
AP Photo/Rick Rycroft
A rede social X voltou a ficar indisponível no Brasil nesta quinta-feira (19), depois que a Justiça ordenou que a empresa deixasse de usar um servidor intermediário que permitiu o acesso à rede social mesmo com o bloqueio no país.
O conselheiro da Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (Abrint) Basílio Rodriguez Perez disse à agência AFP que o X "ficou bloqueado" novamente porque, pouco antes das 16h desta quinta, parou de utilizar os servidores da Cloudflare.
Os servidores da Cloudflare podem atuar como intermediários entre o servidor de um site e o usuário. Eles usam endereços de IPs que mudam constantemente, o que impede que o acesso seja bloqueado por parte das operadoras de internet.
A AFP constatou que a rede social está novamente indisponível nos celulares dos usuários, depois de ter voltado a funcionar amplamente na quarta-feira.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, ordenou à plataforma, de propriedade do bilionário Elon Musk, suspender os novos acessos à rede social.
A ordem judicial pedia à plataforma para suspender "imediatamente (...) a utilização de seus novos acessos (...) sob pena de multa diária de R$ 5 milhões".
Moraes também instruiu a Anatel a adotar todas as medidas necessárias para restabelecer o bloqueio do X em todo o país.
O magistrado ordenou o bloqueio da rede em 30 de agosto no Brasil pelo descumprimento de ordens judiciais de suspender contas acusadas de desinformação e por se recusar a nomear um representante legal.
Irritado com a decisão, Musk acusou o ministro de ser um "ditador maligno".
A rede voltou a estar parcialmente acessível na quarta-feira, graças a uma nova atualização de seu aplicativo que dificultou a identificação de seus endereços na internet (IP).
O X, no entanto, afirmou que o restabelecimento foi uma consequência "involuntária" de uma mudança de servidor e que era "temporário".
"Intenção deliberada"
Mas a Anatel afirmou o contrário. Segundo a agência, a rede social X demonstrou sua "intenção deliberada de descumprir a ordem do STF".
Segundo os provedores de internet, o X acessou os serviços da Cloudflare, que permite às empresas mudar constantemente de IP, em vez de contar com endereços específicos.
Na madrugada de quarta-feira, enquanto o aplicativo era atualizado automaticamente em milhões de telefones, Musk escreveu em sua conta no X: "A magia, quando é avançada o suficiente, é indistinguível da tecnologia", em uma mensagem interpretada como uma "provocação" pela imprensa brasileira.
Em sua decisão, Moraes viu na publicação de Musk uma prova de sua intencionalidade de burlar o bloqueio.
O ministro também apontou para a resistência "dolosa, ilícita e persistente recalcitrância da plataforma X no cumprimento de ordens judiciais".
Ao bloquear o X, Moraes alertou os 22 milhões de usuários no Brasil que quem infringir a ordem acessando a plataforma por meio de "subterfúgios", como redes privadas virtuais (VPN), pode estar sujeito a multas diárias de 50.000 reais.