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Dia em memória das vítimas do Holocausto: estudantes do RN publicam livro com cartas para Anne Frank


Projeto foi desenvolvido dentro das aulas de inglês do IFRN em Canguaretama, ao longo de 2021. Anne Frank

reprodução Globo News

“O genocídio da Segunda Guerra é uma verdade dolorosa, mas é uma verdade”, afirma o estudante Ayron Mateus, de 19 anos. Ele e seus colegas no IFRN de Canguaretama, no Litoral Sul potiguar, publicaram um livro com cartas a Anne Frank, uma das mais conhecidas vítimas do Holocausto - que dizimou milhares de judeus entre 1939 e 1945.

O tema volta à tona nesta sexta-feira (27), data que a ONU estabeleceu como Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto. Foi no dia 27 de janeiro de 1945 que tropas soviéticas invadiam o campo de Auschwitz, na Polônia, marcando o fim de uma das eras mais sombrias da história humana.

Entre os livros mais vendidos no mundo, O Diário de Anne Frank é considerado um dos maiores registros da perseguição nazista e foi estudado pelos alunos de Canguaretama entre os meses de abril e julho de 2021.

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No período, o professor Albéris Eron reservou parte das aulas de inglês para a leitura do livro.

“Os estudantes tiveram a oportunidade de imergir em um dos momentos mais sombrios de nossa história, para que ninguém esqueça daqueles dias de terror e para que não se repitam”, diz o professor.

Após lerem os escritos, os estudantes, com idades entre 15 e 18 anos, escreveram suas próprias cartas, refletindo sobre a história da escritora, vítima do Holocausto, e sobre suas próprias experiencias de vida.

Os textos foram reunidos em um livro, intitulado 77 anos desde “O diário de Anne Frank”: cartas de Canguaretama ao mundo, publicado pela Editora IFRN em dezembro.

O livro pode ser acessado aqui.

Segundo o professor Albéris Eron, coordenador da obra, a ideia de produzir um livro surgiu durante as leituras.

Um dos autores das 58 cartas que compõem a obra potiguar é o estudante Eliel Ewerton, de 18 anos, que classifica a experiência como “conflitante”.

“Eu já conhecia a história só de ouvir, e por mais que se tratasse do período da Segunda Guerra, eu ainda tinha uma visão mais 'fantasiosa' do que seria o Diário de Anne Frank. Mas, quando começamos a entrar de verdade nos textos, para produzirmos cartas, caiu a ficha de que é, na verdade, um relato sobre uma garota que viveu o pior da humanidade, e que teve sua vida tirada aos 15 anos por nada. E foi real”, declara.

Outro estudante que participou do projeto, Ayron Mateus, agora com 19 anos - ele foi citado no início da matéria - conta que o isolamento dos judeus, o racionamento de recursos, as relações familiares e o modo a vida em meio à guerra, o levaram a refletir sobre as dificuldades da perseguição nazista.

Campus do IFRN em Canguaretama, no Litoral Sul potiguar

Bruno Gomes

“Lancei o meu olhar para as minúcias, o cotidiano, dificuldades e sofrimentos vividos no período. Acredito que uma das belezas do livro é unir as mais diversas visões sobre algo em comum: a vivência de uma jovem, assim como nós, que por uma triste perseguição, teve de se isolar do mundo e de sua própria juventude”, diz.

Anne Frank

Antes da guerra ter início, Anne Frank vivia com seus pais, Otto e Edith Frank, e sua irmã, Margot, em Frankfurt, na Alemanha. Com o aumento da onda antissemita, liderada por Adolf Hitler, a família Frank mudou-se para Amsterdã, capital da Holanda.

Lá, em seu aniversário de 13 anos, no dia 12 de junho de 1929, a jovem foi presenteada com um diário, que recebeu o nome de Kitty. Até então, os assuntos abordados nas páginas eram comuns à vida de uma pré-adolescente. Porém, a partir de julho de 1942, Anne, sua família e outros quatro moradores passaram a viver escondidos do Estado Nazista, no lugar que ficou conhecido como o “Anexo Secreto”.

No diário, a adolescente passou a contar os registros de uma vida reclusa sob a perspectiva. Ainda não se sabe quem denunciou os moradores do esconderijo, porém, no dia 4 de agosto de 1944, soldados da organização paramilitar ligada ao partido nazista invadiram o prédio em que Anne Frank estava.

Anne e sua família foram encaminhados para o campo de concentração de Westerbork. Em setembro, foram enviados para Auschwitz-Birkenau. No mês de novembro, Anne e sua irmã, Margot, foram levadas para o campo de concentração de Bergen-Belsen, onde faleceram de febre tifóide.

O diário de Anne Frank foi resgatado por Miep Gies, uma funcionária do pai da jovem, Otto Frank, o único sobrevivente da família. Anos depois, ele foi convencido a publicar os registros da filha, que sonhava em ser escritora ou jornalista.

Atualmente, a obra é um dos dez livros mais vendidos no mundo, sendo traduzido para mais de 70 idiomas.

Holocausto

Segundo o professor de história do IFRN, Bruno Balbino, o holocausto foi uma ação de extermínio sistêmica executada pelo Estado Nazista contra todos os grupos sociais que, segundo a ótica nazista, representavam uma afrontava à perfeição nacional/racional ariana, como judeus, homossexuais, ciganos, poloneses, testemunhas de Jeová, adventistas, deficientes, entre outros.

“A perseguição à comunidade judaica foi feita por etapas. Nos primeiros anos da ascensão nazista houve a criação de leis antissemitas, boicotes econômicos e ondas de violência contra os judeus, os chamados "pogroms". Numa etapa posterior, muitos judeus foram deportados para outros países”, disse.

O professor destaca que o ponto mais dramático da ação nazista ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial, quando as autoridades nazistas levaram, forçadamente, milhares de pessoas para os campos de concentração – usados para matá-los por meio do trabalho forçado.

“É importante salientar que, para a comunidade judaica, o uso do termo "holocausto" é inapropriado para definir a experiência genocida empreendida pelo Estado Nazista, uma vez que o conceito faz referência ao ato sacrificial que caracterizou, historicamente, a tradição religiosa do povo hebreu da antiguidade. Em vez de "holocausto", o extermínio judeu nos campos de concentração é denominado de Shoah, palavra hebraica que significa destruição, ruína, catástrofe”.

Segundo o historiador, no dia 31 de julho de 1941, o líder nazista Hermann Goering autorizou ao General das SS, Reinhard Heydrich, o início das preparações necessárias para a implementação da intitulada "solução final para a questão judaica". A ação resultou na morte de milhares de judeus - Só em Auschwitz, a estimativa é de 1,1 milhão - por asfixia, fuzilamento, fome, maus-tratos, espancamento, frio, doenças e experiências médicas.

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